O assunto já está um tanto ultrapassado, afinal, a rede é rápida. Mas sempre é válido relembrar e refletir. Segue meu comentário acerca de acontecimentos reais em consequencia de ações virtuais ocorridas há alguns meses.
Uma das vezes que assisti ao filme 1984, baseado no livro de George Orwell, fiquei (além de impressionado, com o filme e com a possibilidade do autor do livro vislumbrar uma situação como aquela em plena década de 40) imaginando como algo parecido poderia ocorrer no “aqui e agora”. Orwell faz uma profunda análise sobre a imagem enquanto recurso na vida do ser humano. Fico imaginando se a rede não seria este “grande irmão”, cujos olhos são as câmeras, além de outras tantas coisas mais.
Estava eu, certo dia (na verdade, noite), fazendo o que está escrito neste tweet, e eis que acesso o vídeo das duas mulheres de Sorocaba (Juliana Cordeiro e Vivian de Oliveira). Para quem ainda não ficou sabendo, este post explica bem a questão (se bem que é difícil não saber sobre este assunto já que foi até matéria no Fantástico). Um caso como tantos outros que, normalmente, não se fica sabendo, a não ser pelo fato de ter se tornado público através da rede.
Isso me deixa bastante pensativo e aflito. É tão tênue a linha entre a fama e o anonimato, taí o caso Geise Arruda, da gaúcha Maria da Graça, dentre outros ocorridos de outras formas como as demissões do diretor de marketing da Locaweb Alex Glikas e do editor da revista National Geographic no Brasil, Felipe Milanez. E o resultado impressiona tanto que eu me pergunto: isso é real? Até porque o desfecho acaba sendo mais irreal do que a história que conduziu os personagens a ele.
Enquanto usuário da internet (e testemunha virtual), acompanho a evolução deste ambiente há algum tempo e noto que situações como essas são cada vez mais frequentes. Um verdadeiro circo de horrores, podendo ser comparado (dadas as devidas proporções) ao período medieval, no qual as mortes em praça pública eram motivo de festa. A questão central é a festa.
Esta comparação é perfeitamente possível, posto que a internet é um “espaço” novo que começa a ser povoado e no qual os individuos passam a fazer uso do mesmo, povoando-o com seus perfis, comentários, vídeos, imagens e demais conteúdos. Penso que só agora as pessoas estão, de fato, experimentando a utilização do ambiente virtual. Porém, a forma como se dá esta experimentação traz resultados inusitados, consequencias drásticas ao mundo real, dada a disparidade entre os mundos, um já mais adiantado e outro recém-nascido. Analisando por este ponto de vista, é aceitável a ocorrência de fatos como esses.
O ambiente virtual é um repositório de informações, estas inseridas pelos próprios usuários. A participação ativa dos internautas torna a rede orgânica e muito rápida. O Trending Topics do Twitter é uma prova disso, o fenômeno CALA BOCA GALVAO e o fato de ter sido notícia no New York Times mostra que a rede é intrínseca ao cotidiano do ser humano.
Se a rede é uma ferramenta e o ser humano tem o poder de atuar em grupo e gerar resultados, resta saber agora o que fazer com ela. Os exemplos citados acima demonstram que o ser humano ainda não se deu conta da lei de causa e efeito da rede. Ou é isso ou as consequências da utilização da rede (também segundo os exemplos) mudarão o cotidiano, banalizando situações de críticas e (des)sensibilizando ainda mais a humanidade. Pelo menos, é isso que percebo, vale citar também o caso do garoto (filho do dono da RBS, no Rio Grande do Sul) que aplicou o “boa noite Cinderela” em uma colega e a estuprou. Os comentários coletados pela polícia via MSN comprovam minha afirmação.
E por fim me pergunto, aonde isso vai dar? Estaria a humanidade alimentando o “grande irmão”? Seria esse “grande irmão” o futuro aniquilador da humanidade, o dono da “rede”? Arrisco um palpite, acredito que esse talvez seja o caminho da própria condenção da sociedade. Por permitir e alimentar essa tendência, por usar a rede com pouca responsabilidade. Como está sendo provado, as consequências tem sido desastrosas. Afinal, se caiu na rede… é peixe.
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